Do antigo blog (08/07/2009):
Não adianta fugir dos nossos temores, do que nos aflige. Simplesmente não adianta.
O medo não é desculpa pra não enfrentar uma situação.
Só se sabe o que teria acontecido em determinada situação quando ela acontece.
Tudo na vida é um risco, a própria é um risco; a diferença é que uns calculam os riscos que estão dispostos a correr, outros não.
André Comte-Sponville escreveu em seu Pequeno Tratado das Grandes Virtudes que “Coragem não é a ausência do medo, é a capacidade de superá-lo, quando ele existe, por uma vontade mais forte e mais generosa.”
Devemos enfrentar os nossos medos, antes que eles resolvam nos enfrentar e, eventualmente, nos peguem desprevinidos.
Ainda lembro quando resolvi enfrentar um dos meus maiores medos: Altura.
Estava num parque de diversões e resolvi ir num brinquedo chamado Discovery, ele deixa todo mundo de cabeça pra baixo girando há uns 20 metros de altura, prendendo-nos apenas pelos ferros da cadeira.
Esperei com os amigos durante uma hora na fila, e quando chegou a minha vez eu tremia, suava, pensei em desistir, mas como já estava lá...
Chegou a hora de enfrentar o meu medo e como o que não me mata me fortalece, lá fui eu: sentei na cadeira, o monitor baixou a primeira trava de segurança. Depois passa o monitor e diz: "Vai ser baixada a segunda trava de segurança, depois que essa for fechada, não dá mais pra desistir."
Fiquei calada mesmo com vontade de gritar "SOCORRO!"; eu estava disposta a enfrentar mesmo.
Ele fechou a segunda trava, e aí sim o desespero veio à tona: Eu chorava feito uma louca, as lágrimas caiam sem eu nem perceber. Uma, duas, três de uma vez.
Quando o brinquedo começou a girar gritei desde "Socorro! Eu vou desmaiar!" até "Eu quero a minha mãe!".
Ao final, com o rosto ensopado de suor e lágrimas, tremendo, ligeiramente sem sentir as pernas - e ainda com medo de altura -, percebi que havia valido a pena, valeu a experiência, a sensação de ter encarado.
Pra muitos um medo é um segredo, pra outros é uma verdade, pra outros, uma mentira; pra uns é algo que aconteceu, já para outros, algo que pode nunca acontecer.
A forma de enfrentar esses medos cabe a cada um decidir, mas uma coisa é certa: é preciso.
*Para fins de direitos autorais, declaro que imagens usadas no post foram retiradas da internet e os autores não foram identificados.