segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ôpa, "negro", não. MO-RE-NO.


Confesso que sou uma admiradora da cor negra. Tanto em relação a homens, quanto em relação a roupas.
Tenho um tom de pele claro, mas não sou branca, sou morena.
Claro que quem me conhece pessoalmente e está lendo isso, acabou de ter certeza que eu sou louca.
Esta sou eu, em 2010, no período das férias, muito prazer:



Por que não sou "branca"? Explico: Pois meu cabelo e meus olhos não são claros.
Para mim, é assim que funciona: 

Brancos: Cabelo claro, pele clara, olhos claros.
Morenos: Pele clara, cabelo escuro (não importa se liso ou não)
Índios: Pele parda, cabelo liso
Pardos: Pele parda, cabelos ondulados/encaracolados. 
Mulatos: Pele parda, cabelo crespo. 
Negros: Pele escura, cabelo crespo.
Porém considero pardos e mulatos apenas "vertentes" de negros, e não há nada de errado nisso.

É como eu penso: Na teoria eu sou morena. No dia-a-dia, sou considerada "branca".
Por exemplo: Sandra Bullock, quando citada em jornais e sites estrangeiros, é naturalmente chamada de "morena" porque não nasceu loura, simples assim.

Aqui no Brasil, chamar alguém de negro - ainda que sem o (ridículo) tom pejorativo - é considerado ofensivo; ainda está enraizada a ideia de que se intitular - ou intitular alguém - de "negro" é algo ruim, que remete a inferioridade e submissão, por isso, muitos não dizem: "Eu sou negro(a)".
Sendo assim, os BRANCOS são chamados de "alemães", os MORENOS são chamados de "brancos" - pois também muitos morenos não aceitam serem chamados como tal, juram que são brancos -, e os NEGROS são chamados de "morenos".

Os colonizadores escravagistas traficavam pessoas negras (e índios também) por os verem como "animais": seres sem alma que tinham grande força física e eram mão de obra barata.
Na África, tribos negras caçavam outras tribos para vendê-los como escravos aos brancos, mas não por verem seus "irmãos de cor" como animais ou inferiores; mas sim visando o lucro.
Para quem quiser saber mais sobre isso, eu indico MUITO o filme "Amistad", que se baseia em fatos totalmente verídicos.
Talvez a Princesa Isabel não soubesse que ao assinar a Lei Áurea em 1888, estava acabando com a escravatura, porém não com o preconceito por cor.
Após o fim da escravatura, alguns "Doutores" chegaram a afirmar que o Brasil seria um país só de brancos em, no máximo, 300 anos. Achei inclusive um link que fala sobre tudo isso:   O sonho racista de um povo branco.
(Pois é, bem, Lay também é cultura)
Quero uma pausa para dizer que estou muito feliz com a minha memória, pois essas informações eu absorvi no início da faculdade, ainda no primeiro semestre de 2008. O.O

O preconceito está presente de forma muito sutil e ao mesmo tempo muito latente em nossa nação nos dias atuais.
É aquela velha história: "Não tenho preconceito, mas prefiro que meus filhos se relacionem com pessoas de cor clara." Ou: "Sim, eu transo com você, mas não teria filhos com você."
E isso não parte só de "brancos" para negros, mas de negros para negros.
Já ouvi uma negra falando: "Não gosto de me relacionar com homens negros." Isso é muito triste. Ela renega no outro o que pode ser visto nela mesma.

Agora tem o puta chato do politicamente correto que diz que não é "negro", é "afro-descendente".
Você corre o risco de ser processado por dizer que gosta de chocolate preto. Tem que dizer que gosta de chocolate afro-descendente, meu bem.
Fala sério!! Dizer que eu tenho "células adiposas em maior quantidade" não vai mudar o fato de que eu sou gorda - e foda-se, é apenas um fato sobre mim, não um defeito. Assim como dizer que "a luz é a união de várias cores que ao entrarem na atmosfera se espalham e dão ao céu diferentes tons dependendo da angulação da terra em relação ao sol" não muda o fato de que o céu é azul!
Ainda lembro de uma vez - quando mais nova - me referi a uma vizinha, que é negra, como "morena". Ela respondeu prontamente: "'Morena' não. Eu sou negra!" Nossa, me bateu uma mistura de surpresa e orgulho por ela, ao ouvir aquilo.
Eu teria sim orgulho de bater na minha pele e dizer: "Tá vendo? Sou preta, não tenho motivo de vergonha. Tenho muito mais melanina, muito menos chance de ter câncer de pele!"
Como não tenho a pele escura, me contento em gritar para o mundo: OLHE PARA O MEU CABELO ULTRA CACHEADO E MORRA DE INVEJA. VOCÊ PODE ACHÁ-LO "RUIM"; EU ACHO LINDO!

INFELIZMENTE, no Brasil, ter cor clara ainda significa "status". Será por isso que a maioria dos nossos "ótimos" (ironia, muita ironia) governantes são "brancos"?

É um assunto que rende, não é mesmo?? Eu teria muito mais o que escrever (inclusive preconceito que EU sofri por ter a pele clara), mas acredito que faltaria paciência de vocês para passar a tarde lendo. Afinal, isso aqui é um blog, não um jornal.

Para finalizar quero "presenteá-los" com um vídeo:


Segurem-se. Voltei com minhas polêmicas.

*Para fins de direitos autorais, declaro que imagens usadas no post foram retiradas da internet e os autores não foram identificados.

4 comentários:

Gabi disse...

Penso que nem tu quanto as definições para brancos, morenos, índios, etc.
Bom, esse é um assunto meio "difícil" de se tratar. Sabe, acho que um negro tem que ter orgulho da cor, assim como o branco e isso não vale só para a cor de pele. Pra mim o importante é se aceitar, se valorizar, se gostar como realmente é, sendo gordo, magro, com cabelos lisos ou não, olhos claros ou escuros, enfim. Mas aí entra outra questão: um negro que sai por aí dizendo que tem orgulho da sua cor, com uma camiseta "sou 100% negro" as pessoas sentem até um orgulho dele se aceitar assim. Agora um branco sai assim será considerado racista. Acho que racismo tem de ambas as partes, temos que rever esse conceito aí!
Fiquei chocada com o vídeo ;O ótimo post, beijos

Anônimo disse...

O que mais me inquieta é essa coisa do cabelo,tipo se um negro tem cabelo liso é visto e considerado mais bonito do negro com cabelo crespo..O.O
Eu estou na categoria cor de café com leite e agora segundo as tuas definições seria eu morena ou parda.?hehe...De qualquer forma tá bom assim e até meus cabelos crespos são assumidíssimos,tenho amigas que vivem alisando os cabelos e tentaram até me convencer de fazer o mesmo,dizendo elas que o cabelo liso rejuvenesce,até que um dia cansada desta conversa eu respondi que não me identificava com cabelo liso(o que é verdade),e me sinto mais feminina assim com cabelo crespo,as poucas vezes que experimentei alisar com chapinha me senti práticamente como uma gata molhada...rsrsr
Quanto à preconceitos,racismo e tal...Não acho certo alguns comportamentos da parte dos negros,algumas vezes o sentimento de inferioridade parte deles mesmos,o que os leva a comportar-se de maneira rebelde e às vezes até violenta,pela pura convicção que o mundo inteiro os odeia.Infelizmente isso também acontece.! Beijo
Blog da Corujinha

Ricky Oz disse...

Oi Lay!
Esse assunto da mesmo margem pra muita discussão. Eu mesmo já te falei que penso de uma outra um pouco diferente apenas da sua, mas a base é a mesma. De fato, devido a história de nosso país, falar a cor que cada um tem é racismo, o que é uma idiotice. O segundo post do meu blog, há quase um ano atrás, fala exatamente disso. Acho que a humanidade ainda precisa amadurecer um pouco nesse quesito.

Bjuss

Mari disse...

Puta que pariu, meus olhos se encheram d'água ao ver esse vídeo. A sociedade é tão cruel que essas crianças lindas têm os olhos totalmente deturpados para si mesmo. Que triste...

Eu sofro preconceito, geralmente, no verão: "Ai, vai pegar um sol! Você está muito branca. (com cara de nojo)". Enfim, né? É a vida...

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