Entro no ônibus e sento naquelas cadeiras "solitárias". Encosto minha cabeça na janela, sinto o vento no rosto, meus cachos balançam, observo o céu. Amo quando estou sentada na janela e o dia está frio, e o cheiro do ar muda anunciando a chuva que vem, amo a paz que sinto nesse momento...
É uma coisa tão trivial e ao mesmo tempo tão curiosa... E nessa hora um "tio" entra no ônibus e esbarra em mim. Me faz lembrar que estou em pé, no meio de um ônibus lotado, sem nenhuma "cadeira solitária" para sentar, sem janela para encostar a minha cabeça e com um sol escaldante lá fora.
Continuo me segurando fortemente aos ferros para não ser arremessada ao para-brisa por causa das freagens bruscas que o motorista dá. Tento não me concentrar no fato de que nos momentos das freagens, sempre tem alguém que grita para o motorista: "Você está levando pessoas! Não somos bois não, seu féla da puta!"
Tento apenas voltar a pensar na paz que sinto quando a chuva vai começar a cair, em como não vou fechar a janela e vou adorar sentir os pinguinhos iniciais batendo no meu rosto. Ahhh, como eu AMO a chuva.
Então eu lembro de como gosto de andar sem nenhuma preocupação pela rua enquanto a chuva cai, de como me sinto renovada depois de um banho de chuva e de como tenho a sensação de que tudo fica mais puro.
E nesse momento "o tio", o mesmo que entrou no ônibus e esbarrou em mim, se posiciona de costas para as minhas costas e "cola" a bunda dele na minha.
"Ôpa... Que estranho... Mas o ônibus está lotado, e poderia ser 'pior', né?"
Resolvi "separar" as minhas costas da dele, e ele novamente veio e colocou a bunda dele totalmente encostada na minha.
"Talvez ele precise de mais espaço..."
Me afastei novamente, e mais um vez ele encostou a bunda na minha. Me afastei pela terceira vez, e, batata!, lá vem ele e sua bunda maldita.
Fiquei na dúvida... Não sabia se virava e dizia "Como assim, tio? Bundinha com bundinha, assim, logo de cara? Sem nem chamar para um jantarzinho antes??" ou se dava uma cotovelada nas costelas do infeliz para me livrar daquele "acocho romântico" às 7h.
Pelo sim, pelo não, resolvi que inicialmente iria me virar e pedir um pouco de espaço para a minha bunda respirar. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk Caso isso não resolvesse, iria ter confusão.
Botei minha melhor cara de "Paola Bracho brava por ter levado uma topada" e me virei. Quando ia abrir minha boca, o tio se mandou para o fundo do ônibus. ALELUIA!
Nem ligo de usar o transporte público, até gosto, na verdade. É interessante conseguir observar as pessoas. O que não gosto é de transporte público lotado e dessas pessoas sem noção. Um negrão musculoso ninguém quer acochar, né?
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