quarta-feira, 14 de agosto de 2013

As crônicas que ninguém leu

E aí que eu sou dessas que se apoia na escrita pra colocar pra fora o que sente, o que acredita.
Até falo bem, mas escrevendo eu me encontro. Eu viro poetisa, mostro a doçura, a loucura, a amargura. E não importa se falo de amor ou de ódio, tudo soa bonito. É por isso que venho contar pra vocês que estou com um novo blog. Um blog "adulto".
Não, não é blog de sacanagem. É um blog com textos (ah vá!). Crônicas, pra ser mais específica.
É um blog limpo, com textos pra uma galera mais velhinha. E quando eu digo "velhinha", falo da minha idade em diante - que decadente.
Não espero nada do novo blog. Não espero nada de coisas que eu faço por prazer (além do prazer, é claro).
Assim como aqui, no Doces Desamores, eu prometo escrever lá sempre que me der vontade e inspiração.
Então, passa lá sempre que der. Prometo que, pode até não ser constante, mas vai ter coisa legal. Clique na imagem.




segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Anne Frank me entenderia




Comecei a ler "O Diário de Anne Frank" há algumas semanas. Estou realmente degustando o livro, enquanto sinto um misto de medo de chegar à última página. Creio que nunca me identifiquei tanto com alguém que realmente existiu. Ela era muitas em uma só. E o fato de ela ser uma garota de personalidade forte não a fazia indestrutível. Não anulava o fato de que ela sentia carência, solidão, vontade de um abraço. E, na falta de outrem, ela se agarrava em si mesma.

"... Algumas vezes acho que Deus está querendo me testar agora e no futuro. Vou ter de me tornar uma boa pessoa por conta própria, sem ninguém para me servir de modelo ou me aconselhar, mas no final isso vai me tornar mais forte.
Quem mais, além de mim, vai ler estas cartas? Com quem mais, além de mim, posso procurar conforto? Estou sempre precisando de consolo, costumo me sentir fraca, e com frequência deixo de atender às minhas expectativas. Sei disso, e todos os dias resolvo ser melhor.
...
Não sou mais o bebê e a queridinha mimada que provocava risos com tudo o que fazia. Tenho minhas próprias ideias, meus planos e ideais, mas ainda não consigo verbalizá-los.
Pois é. Tanta coisa me passa pela cabeça à noite, quando estou sozinha, ou durante o dia quando sou obrigada a estar perto de gente que não suporto ou que invariavelmente interpreta mal as minhas intenções! É por isso que sempre termino voltando ao meu diário — começo nele e termino nele porque Kitty [nome do diário de Anne] é sempre paciente. Prometo a ela que, a despeito de tudo, vou em frente, que vou encontrar o meu caminho e refrear as lágrimas. Só gostaria de ver alguns resultados ou, pelo menos uma vez, receber encorajamento de alguém que me ama."

Anne Frank - 30 de outubro de 1943

Ah, Anne... Vem aqui, me dá um abraço.

*Para fins de direitos autorais, declaro que imagens usadas no post foram retiradas da internet e os autores não foram identificados.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

"E viveram felizes para sempre"



Eu e uma amiga, duas "desiludidas" (por falta de palavra melhor), vivemos comentando sobre como as pessoas idealizam o amor.
Ela me perguntou se eu acredito que todos no mundo possuem uma alma gêmea por aí, esperando pra ser encontrada. Minha resposta foi simples: "Eu gostaria de acreditar que sim."
E eu gostaria mesmo. E de certa forma, eu acredito. Mas o que acredito mesmo é que somos nós que tornamos a pessoa a nossa alma gêmea.
Explico: Todo mundo tem aquela esperança de encontrar "o encaixe perfeito", "o pinguim", "alguém pra dividir os brownies", e por aí vai. Mas o que vai fazer aquela pessoa ser perfeita pra você não está apenas nas mãos dela, mas sim na sua capacidade de aceitar aqueles defeitos extremamente irritantes que aquela pessoa maravilhosa tem.

O amor é superestimado, as vezes. Não é porque você ama que não vai ter rotina. Não é porque você ama que não vai ter desgaste. Não é porque você ama que não vai ter briga. Não é porque você ama que vai deixar de se perguntar "onde fui amarrar o meu jegue?". O amor não impede os problemas, mas ele ajuda a solucioná-los, se as duas pessoas estiverem nessa mesma sintonia, se as duas pessoas souberem que estão melhor juntas do que estariam se estivessem separadas e se derem conta que é as vezes é bom saber o que te espera no final do dia. Que as vezes é bom ter que reconquistar, só pra lembrar o quanto o outro é importante. Que sexo de reconciliação faz a briga ter valido a pena. Que se questionar se aquela pessoa é a certa, é algo saudável, pois leva você a constatações.
É doloroso se dar conta de que alguém ERA perfeito pra você? Sim, é. Mas nada impede de que novas pessoas maravilhosas, com defeitos irritantes que você consegue suportar, surjam no seu caminho.

Acredite em mim, ainda que eu seja uma pessoa maravilhosa, com defeitos irritantes que ninguém suporta.


*Para fins de direitos autorais, declaro que imagens usadas no post foram retiradas da internet e os autores não foram identificados.

sábado, 3 de agosto de 2013

Mesmo que mude



O telefone tocou. Um número que não constava na agenda, porém era vagamente familiar, apareceu na tela. Ela atendeu.
— Alô?
— Alô, quem é? – Aquela voz... Não era a primeira vez que ela a ouvia.
— Eu que pergunto: Quem é?
— Sou eu – ele esperou um pouco antes de dar o golpe –, Pedro.
Ela silenciou por alguns poucos segundos enquanto euforia, ansiedade, expectativa, saudade e medo tomavam conta de todo o seu corpo e ondas intensas de adrenalina inundavam o seu sangue.
— Não pode ser...! Pedro? Pedro?! É mesmo você?!
— Sim, sou eu.
— Você é louco – ela ficou sem saber se ria, se sentia surpresa, se lhe dava uma bronca ou se dançava a Macarena pelo quarto. – Você é louco!
— Eu sei disso.
— Tá tudo bem? O que aconteceu?! Você tá bem? – ela pensou em mil e um motivos pra ter recebido aquele telefonema, nenhum era lá muito bom.
— Sim, eu tô bem.
— Seis meses sem termos nenhum contato... e eu acreditava que jamais teríamos novamente. Pedro, o que houve?
— SEIS MESES... Parece que foi ontem, né?
— Não. Na verdade, pra mim pareceram seis meses. Agora diz o que aconteceu pra você me ligar depois de todos esses meses.
— Na verdade, já faz tempo que eu queria te ligar.
Ela não esperava por isso. Ela ainda pensava nele, ainda sentia saudade, mas não admitia isso pra ninguém. De qualquer modo, ninguém se importaria. O que ela não esperava é que ele também pensasse, que também sentisse saudade e muito menos que um dia ele admitiria isso, ainda que em outras palavras.
— E por que esperou os seis meses?
— Não tem motivo específico. Mas eu sabia que, depois daquilo, o próximo passo tinha que ser meu.
— Você tem certeza que quer isso?
— Se quero isso... O quê?
Ela parou um pouco pra pensar, o cérebro trabalhava a mil por hora lembrando de tudo. Lembrou como se conheceram, e como ela foi boba e desesperada, e como ele foi frio, e como o distanciamento se abateu inúmeras vezes, e como houve a decepção e por fim lembrou sobre como ela passou mal por quatro dias inteiros.
— Essa... reaproximação – ela sabia o que queria dizer, mas as palavras ficavam entaladas. – Você tem certeza que quer isso?
— Sim, eu tenho certeza.
— É que, você sabe... O nosso histórico não é muito bom. Se eu fosse você, eu fugiria de mim.
— Eu não quero isso.
— Eu mudei, Pedro – e grande parte da motivação dessa mudança foi ele. Ela se tornou um bicho arredio e amedrontado que adotou a indiferença e a agressividade para se defender. Não queria mais criar vínculos com ninguém, não queria mais expor o que sentia. Ela já tinha aprendido a lição. – E eu tô com medo que tudo aconteça de novo. Eu sou um gato escaldado e tenho medo de água fria.
— Então esse é o segundo “adeus”?
Não... Definitivamente aquele não era o segundo adeus. Ela não queria que fosse. E sentiu o coração ficar pequenininho diante da ideia de uma nova despedida.
— Não é bem assim... Eu só... Não sei como agir, entende?
— Então deixa fluir. Deixa ver no que dá.

E ela seguiu o conselho, deixou aquela conversa continuar enquanto notava a clara falta de costume que ela sentia após tantos meses de ausência. Ela sabia que precisavam reaprender a lidar um com o outro. Ela estava confusa e não sabia muito bem como agir com ele, muito provavelmente ele também estava tentando entender a nova pessoa que ela era (ou ao menos, que aparentava ser). Ela queria que ele se aproximasse, mas tinha medo de deixa-lo se aproximar novamente. Ela queria que eles voltassem a se conhecer, mas tinha medo das consequências dessa intimidade. Ela queria que ele continuasse a surpreendê-la positivamente, mas tinha medo de não saber o que viria. Ela queria tantas coisas, mas o medo a fazia conter a expectativa enquanto seu lado sonhador tentava se agarrar à esperança de que talvez um novo adeus não voltasse a ser necessário.


Ela vai mudar.
Vai gostar de coisas que ele nunca imaginou.
Vai ficar feliz de ver que ele também mudou.
Pelo jeito não descarta uma nova paixão,
mas espera que ele ligue a qualquer hora,
só pra conversar
e perguntar se é tarde pra ligar;
dizer que pensou nela
e estava com saudade,
mesmo sem ter esquecido o que passou.

Ele vai mudar.
Escolher um jeito novo de dizer "alô".
Vai ter medo de que um dia ela vá mudar
e que aprenda a esquecer sua velha paixão.
Mas evita ir até o telefone para conversar
pois é muito tarde pra ligar.

Mesmo que mude - Bidê ou balde


*Para fins de direitos autorais, declaro que imagens usadas no post foram retiradas da internet e os autores não foram identificados.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Cafajeste também ama



Acreditem ou não, conheço os maiores cafajestes do mundo.
Claro que isso abriu muito os meus olhos desde a infância mas, até então, eles estavam no meu círculo familiar.
A gente vai crescendo, e os cafas começam a surgir naturalmente em nossas vidas. De um modo muito curioso, sou do tipo que se torna SUPER amiga dos cafajestes. Levo papo de "brow" mesmo. Mas quando tem a ver com se envolver, atraio os bonzinhos (o que não significa que sejam lerdos, veja bem).
Acontece que, no meio desses seres curiosos que são os cafajestes, conheci um acima da média.
Vou confessar que não acreditava que o danado tivesse um coração. Ao longo de muitas conversas, risadas e histórias engraçadas, fui formando a ideia de que ele só queria passar o rodo em todas as mulheres do mundo e nada mais. Eu não estava enganada, mas isso não era tudo: Ele já havia me dito que se apaixonou uma vez na vida. Acreditei meio desacreditando, sabe? E não levei o assunto mais a fundo. Até que essa semana, no meio de mais uma de nossas conversas informais, ele disse que sexo bom é sexo com quem a gente gosta.
Pensamento interessante vindo de um cafajeste, não acha?
Comecei a puxar o fio da meada. Quis saber mais sobre a heroína que fez com que um dia ele se apaixonasse. Ele explicou que ela foi uma das várias ex-namoradas dele - o que nunca impediu que alguma levasse chifres - e que não faz ideia dos motivos que o levaram a se apaixonar por ela, e eu confesso que achei isso demais. Perguntei se caso ela quisesse voltar a namorar ele aceitaria. Prontamente ele disse que sim. Completei com um "Você ainda é apaixonado por ela." e foi aí que ele disse as palavras que eu JAMAIS pensei que ouviria de um cafajeste: "Acho que por ela, sempre vou ser." Contou sobre a história deles. Sobre como namoraram, sobre como ele - apesar de apaixonado - não conseguiu ser fiel, sobre como ela descobriu as traições, sobre como ele continua tentando entrar em contato com ela depois de anos - ainda que ela não queira e tenha sumido da vida dele.
Eu sei que ele é cafajeste, mas vocês têm noção do quanto esse ser subiu no meu conceito? Não por já ter se apaixonado, mas por não ter vergonha de admitir isso, por não ter vergonha de dizer que ainda está atrás dela (apesar de que, eu, no lugar dela, não voltaria pra ele).
AMO quando essas confissões totalmente inesperadas acontecem. E depois de ter ouvido ele dizer isso, só pude dizer "Eu queria que algum dia alguém se apaixonasse por mim assim como você é apaixonado por ela, ao ponto de dizer que sempre vai ser. Foi lindo descobrir que você tem um coração."

Eu só queria dizer que é deliciosamente maravilhoso descobrir novos lados de uma pessoa, ser surpreendida. E, como eu sei que você está lendo, esse post é pra você. ;)

*Fonte da Imagem: Google Images
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